Os diferentes tipos de cravação na fabricação de joias são recursos e técnicas importantes da joalheria. Principalmente porque elas interferem no design, na harmonia, na beleza das joias e, também, no conforto.
Quando a cravação é feita de forma manual, o trabalho do ourives e do cravador está diretamente ligado ao valor agregado da joia. São eles que dão o requinte, a sutileza de detalhes e o valor artístico da peça.
Se as tecnologias 3D forem utilizadas na criação e produção dessa joia, grande parte deste detalhamento está garantido, ganha-se em termos de precisão mas, ainda assim, também dependerá do talento destes profissionais nos processos de pré-cravação e acabamento.
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O que é cravação de pedras preciosas
Para quem está iniciando é importante esclarecer que a cravação é uma técnica de joalheria que fixa a gema (pedra preciosa) na estrutura do metal.
Ela sempre está relacionada com o tipo de lapidação da gema e o design da peça. E pode ser considerada uma verdadeira arte.
Apesar da gema determinar, em parte, o tipo de cravação, sempre haverá possibilidade de trabalhar o design da peça.
Saiba mais sobre a arte da cravação neste post.
Tipos de cravação de gemas
Os tipos de cravação são descritos por uma terminologia específica dentro de padrões conhecidos no mercado joalheiro mundial, com algumas variações.
A princípio, isso pode parecer uma regra que limita o designer na criação, mas os designers sempre encontram formas de enobrecer suas peças e destacá-las de alguma maneira.
Mesmo com as inúmeras possibilidades de inovações no design, a cravação sempre estará envolvida com a segurança da pedra.
Ela não pode desprender da joia, as garras não devem enroscar em roupas e o aspecto deve ser harmonioso. Tudo deve ser idealizado para valorizar a gema, sua iluminação e a joia em si.
Cravação Besel ou Inglesa
A cravação inglesa é o tipo de cravação mais seguro, pois consiste de uma cinta que envolve a gema por completo.
Pode ser usada tanto com gemas facetadas quanto com cabochões.
Uma pequena parte da cinta é pressionada para cima da pedra, por meio de ferramenta especial do tipo peloir com a ponta quadrada e polida, para que a superfície dobrada não fique marcada.
Ao empurrar a parte superior da cinta, o cravador movimenta a ferramenta para obter melhor acabamento.
Usa-se, também, recursos de acabamento sobre a parte dobrada sobre a gema.
Esse acabamento pode ser reto, arredondado ou com detalhes descritos no design da peça. O tamanho da parte que será dobrada sobre a gema é uma questão de design e do tamanho da gema.
No entanto, um tamanho exagerado pode diminuir o visual do tamanho da gema. A cravação besel ou inglesa pode ser aplicada a quase todos os tipos de lapidação.
Na cravação besel ou inglesa pode-se usar muitos recursos que alteram o visual da peça. Essa alteração de visual pode ser aplicada a qualquer tipo de lapidação.
Quando a gema necessita de mais abertura para passagem de luz e maior reflexão usa-se, também, o recurso de cravação meia inglesa ou meio besel.
Cravação com garras
Também chamada de cravação com grifas. É bastante empregado para gemas facetadas e transparentes que necessitem de muita entrada de luz, pois usa muito pouco metal para manter a gema presa.
Normalmente, as garras são feitas em separado e soldadas ao conjunto da joia para, posteriormente, serem dobradas sobre a gema.
As garras também variam no formato e design e são sempre adaptadas à lapidação da gema. Cada tipo de lapidação requer um tipo de garra diferente e também a forma da canaleta feita na garra.
Em qualquer caso, na garra é feita uma pequena canaleta onde a gema se encaixa independente do tipo e formato da garra.
Esse trabalho requer um planejamento cuidadoso da arquitetura da joia, garras e gema. O número de garras é outro fator que depende do tipo da lapidação e tamanho da gema.
Em casos de gemas com pontas usa-se também a garra em “V” ou, ainda, um misto de tipos de garra. A fase da bancada é de extrema importância.
Qualquer descuido pode ocasionar o desalinhamento horizontal da gema e prejudicar o visual da peça, assim como a reflexão da luz.
Independente do tamanho da gema esse cuidado é fundamental. Tem que se ter o cuidado com o alinhamento horizontal da gema, a distância da gema até a união das garras na base e o número de garras.
Esse conceito é válido para qualquer tipo de lapidação independente do tamanho da gema. Muitas vezes as garras são feitas em conjunto, separados da estrutura principal da joia.
Outro aspecto de extrema importância na preparação da garras é o acabamento. Cantos vivos podem representar áreas que prendam e desfiem o tecido da roupa do usuário.
As canaletas das garras devem estar perfeitamente ajustadas ao ângulo do pavilhão e da coroa da gemas – não sobrando espaços vazios. A gema deve ser presa pelo perfeito encaixe na garra e não pela força excessiva da garra sobre a gema.
Os mesmos cuidados devem ser observados nos casos de lapidação cabochão.
Cravação com trilho ou carril
É o tipo de cravação que consiste na utilização de trilhos paralelos nos quais, principalmente as gemas quadradas e retangulares, são encaixadas.
No entanto, as gemas redondas também são cravadas com trilhos.
Neste tipo de cravação, o calibre (tamanho) das gemas é muito importante, pois as canaletas abertas no metal terão a mesma medida em toda a extensão do trilho.
Qualquer variação no tamanho da gema poderá deixá-la solta e, até mesmo, desprender-se.
A variação aceitável estabelece que as gemas devem sobrepor-se a pelo menos 1/3 da largura do trilho.
Durante o processo de layout (desenho) da peça com cravação trilho é importante considerar um pequeno espaço entre uma gema e outra, pois durante a execução da cravação esse espaço será eliminado.
Esse trabalho é tão meticuloso que o cravador marca no metal gema por gema. Alguns especialistas dizem que encarreirar 18 gemas numa cravação trilho é um excelente teste para a paciência do cravador, principalmente quando há variação no calibre das gemas.
A situação fica ainda mais complicada quando há necessidade de combinar gemas quadradas com redondas.
Os trilhos podem ainda descrever linhas sinuosas como na figura abaixo – uma questão de design. Os trilhos também são desenhados nos dois sentidos – vertical e horizontal.
Alguns projetos combinam mais de um tipo de cravação. O canais normalmente são abertos com fresas tipo chapéu chinês e precisam de grande precisão para o perfeito encaixe da gemas, que devem se assentar sem grande pressão.
O desnivelamento do canal também causará mau posicionamento da gema. É importante o cuidado para que as gemas não se sobreponham, pois além do aspecto pobre, podem sofrer desgastes.
Muitos problemas de medidas somente são detectados no momento da cravação, por isso o designer deve preocupar-se com esse detalhe para não ter seu projeto modificado ou adaptado.
Cravação Pavê
A palavra pavé, originária da França, lembra as antigas ruas francesas pavimentadas com paralelepípedos que originou o nome desse tipo de cravação.
Entretanto, a ideia é a mesma, cobrir grande áreas de uma joia com diamantes ou outras gemas – pavimentar essas áreas.
É o tipo de cravação muito usado na alta joalheria e prima por aproximar ao máximo as gemas.
A cravação pavê exige um estudo detalhado da superfície a ser pavimentada.
A distribuição das gemas não é feita de maneira aleatória. Ela segue um padrões de posicionamento. O mais sofisticado desse padrões é o com sete pedras e garras compartilhadas.
No processo de cravação pavê o cravador faz o furos milimetricamente definidos e, depois, com a fresa abre as cavidades onde serão colocadas as gemas.
Com o buril, ele levanta as garras do próprio metal analisando a posição de cada uma. Usando o peloir, o cravador ajusta as garras sobre a gema e dá à elas a forma esférica – girando e pressionando o peloir.
O trabalho de cravação pavê exige muita experiência do cravador e, muitas vezes, é feito através de microscópio, em virtude do tamanho da gema e da joia.
O manuseio do buril e do peloir é próprio de cada cravador e é adquirido com anos de prática e conhecimentos das gemas e dos metais. É um trabalho complexo, muito técnico, uma verdadeira arte.
Durante o processo de furação e abertura das cavidades, o cravador precisa de extremo cuidado. Falhas nesse procedimento podem deixar os furos com profundidades diferentes e, consequentemente, um desalinhamento na superfícies do pavê, com pedras mais altas e outras mais baixas.
As garras devem ser transformadas em pequenas bolinhas, por meio do peloir, sobre os cantos da pedra. Irregularidades na formação das bolinhas (granitos) podem prejudicar o visual do pavê e de não prender a gema de maneira adequada.
Os espaçamentos muito distantes e excesso de metal (granitos) prejudicam a uniformidade e visual da pavimentação. Marca de ferramentas é outro problema nessa cravação, por isso o uso das ferramentas e seu preparo é uma das principais características do trabalho de um cravador profissional.
Cravação com Granitos
A cravação com granitos também pode ser considerada uma variação da pavê, pois utiliza o mesmo conceito de usar o próprio metal da peça como garra.
A diferença aqui é que a cravação é linear. Os granitos podem ser compartilhados ou individuais. A peça pode ou não ter bordas.
Cravação Bigodinho
Esta é outra cravação que pode ser considerada variação da pavê.
O cravador ajusta a gema em um chatão ou furo na chapa de metal e, com o buril, corta quatro “bigodinhos” ou pequenas lascas, sobrepondo-as na gema.
Também pode “empurrar” o metal sobre a gema, de forma que ele vá cobrindo parte dela.
Cravação Invisível - Mystery Setting
A “Mystery Setting” ou cravação invisível, associada à Van Cleef & Arpels, foi uma invenção deslumbrante que surgiu com o movimento Art Déco.
A “Mystery Setting” consiste na técnica de cravação que esconde totalmente o metal – valorizando apenas as gemas.
Basicamente é feita com gemas retangulares e quadradas que permitem que uma gema seja totalmente encostada na outra sem nenhuma visibilidade do metal.
Nesse tipo de cravação, a gema recebe um corte especial (friso) abaixo da cintura da gema que permite que a malha metálica – embaixo das gemas – a segure com firmeza, proporcionando o efeito visual contínuo das gemas.
Cravação por tensão
É o tipo de cravação que se baseia na tensão que se pode obter de um aro para manter a gema presa com dois ou mais pontos de contato.
Uma das técnicas usadas no metal para a cravação por pressão é a forja a frio.
Ela, além de criar a forma, altera as propriedades do metal deixando-o mais duro.
A estrutura do metal forjado a frio é mais refinada, pois o tamanho dos cristais da composição do metal fica menor devido as batidas do martelo durante o processo de forja.
Esse procedimento deixa o metal cada vez mais duro e difícil de modelar – o que colabora com a cravação por pressão.
Cravação em barra
A cravação em barra é uma variável da cravação trilho. Como o próprio nome sugere, uma pedra é colocada entre 2 barras de metal para mantê-la segura.
Todos os cortes de diamantes – Esmeralda, Oval, Princesa, Redonda e Baguete podem ser usados nesse tipo de cravação. As pedras são colocadas entre as barras e aninhadas em ranhuras. É usada para gemas com dureza de 9 e acima.
Cravador de joias
Na cravação, assim como em outras técnicas de joalheria, é necessário empregar conhecimentos específicos e requer trabalho especializado de um profissional chamado cravador. Além disso, é necessário habilidade e uso adequado de ferramentas específicas.
Muitas vezes um único profissional exerce as três funções: designer/autor, ourives e cravador. Como é o caso da cravação de cabochões, por exemplo. No entanto, a maioria das cravações complexas, como pavê e invisível, são feitas pelo cravador.
This Post Has 14 Comments
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Obrigada pelo feedback! Vou incluir vc na lista!
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